31 janeiro 2007

farda

o meu café passou a vestir a farda beta!!!

mais grave, ninguém me perguntou se o desejava!

que mania de uniformizar!

haja paciência!

silêncios agudos

'as velas dos barcos que se afastam são o eco da minha voz. sonho turvo de nevoeiro, peso de água oceânica sobre o peito, búzio. dormi muito pouco.

onde poderei viver em perfeito e contínuo silêncio? refugio-me cada vez mais nesta casa destinada à voragem do tempo.

fui jantar à vila e voltei ao anoitecer. nestes últimos dias mal suporto o contacto com os outros. vê-los, ouvi-los e estar com eles cansa-me, dá-me náuseas. amanhã, voltarei a precisar deles. odiar-me-ei com a mesma força com que os odiei.

passei a semana a arrecadar velharias na memória, como se isto remediasse a queda vertiginosa para dentro de meu próprio esquecimento. silêncios agudos circulam no sangue, inexplicáveis, silêncios que parecem irromper dalgum lugar desconhecido do meu corpo, ou de algum órgão adoecendo, distante, oculto'.


[...]


Al Berto, 18 de Maio - 1982

Whale

WHALE....90's Rock...quase Vintage

30 janeiro 2007

tristeza dentro das coisas bonitas

[...]

No dia seguinte, logo de manhã. O rapaz foi ao seu jardim e colheu uma rosa encarnada muito perfumada. Foi para a praia e procurou o lugar da véspera.

- Bom dia, bom dia, bom dia - disseram a Menina, o polvo, o caranguejo e o peixe.
- Bom dia - disse o rapaz. E ajoelhou-se na água, frente da Menina do Mar.
- Trago-te aqui uma flor da terra - disse; chama-se uma rosa.
- É linda, é linda - disse a Menina do Mar, dando palmas de alegria e correndo e saltando em roda da rosa.
- Respira o seu cheiro para veres como é prefumada.

A Menina pôs a sua cabeça dentro do cálice da rosa e respirou longamente. Depois levantou a cabeça e disse suspirando:

- É um perfume maravilhoso. No mar não há nenhum prefume assim. Mas estou tonta e até um bocadinho triste. As coisas da terra são esquisitas. São diferentes das coisas do mar. No mar há monstros e perigos, mas as coisas são alegres. Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas.
- Isso é por causa da saudade - disse o rapaz.
- Mas o que é a saudade? - Perguntou a Menina do Mar.
- A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.
- Ai! - Suspirou a Menina do Mar olhando para a terra. Por que é que me mostraste a rosa? Agora estou com vontade de chorar.


[...]


Sophia de Mello Breyner Andresen, in A menina do mar

29 janeiro 2007

...Sim...

Continuo com frio!



e (com) frio continuarei...


É muito simples....Tá frio e não convêm ligar o aquecedor, e..............não tenho lareira....

Os vizinhos, o amor, os penteados e as cartas roubadas

Tou ca neura...
A razao, uma praga difícil de nos livrarmos: os vizinhos.

Vizinha de cima: em plena fase de acasalamento com o seu namorado, a minha vizinha faz questao de lembrar todos os inquilinos desse facto, com um especial pico de actividade por volta das 4 da manha e com uma frequencia dia sim, dia nao. O rapaz geme, é controlado. Ela, histérica. A casa, é velha e o quarto dela por cima do meu. Junte-se isso tudo e tem-se um gazpar com insónias. Já pensei ir bater à porta perguntar se precisava que eu chama-se o médico por aparentemente ter ataques de asma constantes. "Se calhar precisa de ajuda, coitadita". Talvez siga o conselho do Inixion para bater à porta nesses momentos madrugadores e perguntar: "Tem açúcar que me empreste?".

Vizinho do lado: já à algum dia foram ao Trumps e viram bichas versao "tio de Cascais" com um cabelo que faz lembrar a Mafalda do Quino (na sua versao Isabel Queirós do Vale...)? Eu chamo-as de "Mafaldas". Pois... tenho "uma" como vizinha. Deve ser castigo de alguém lá em cima que acha que eu andava muito maldizente... Isso até nao seria um problema se ele vivesse sozinho. O problema é quando as Mafaldas se reunem. Falam alto, ouvem música do mais comercial "pop bubblegum" com laivos de Madonna (a deusa claro...) e falam alto. Eu tento nao ouvir mas falam alto. Falam muito alto. Gostei especialemente da tirada genial da Mafalda 1 um dia destes sobre a questao do aborto: "mas os homens nao podem ter filhos!". Bravo! Um génio! Parabéns pelo insight.

Vizinho de baixo:
reformado. Fala ao telefone durante todo o dia até por volta das 23h. Consigo ouvir o seu ressonar através das paredes. Suspeito que rouba cartas que chegam para inquilinos que já nao moram aqui. Procurará cheques?

Enfim... nao devo ser o único com neuras por causa desta praga...

Ser simpático...

Tenho uma pessoa no messenger que me pergunta todos os dias se estou bem, se estou bem disposto, se o fim de semana foi bom, sempre com as mesma palavras, que eu respondo sempre com o mesmo tom e sempre com as mesmas frases: "sim, optimo, tudo ok!", quer esteja bem, quer esteja mal. Qualquer dia arranjo um script para responder automáticamente, ou então, removo a pessoa do messenger.

27 janeiro 2007

Neuras procuram-se...

Andam neuras por aí à espera dos seus 15min de infâmia.
Precisam de ser deitadas cá para fora, qual acto de catarse escrita.
Noutros lugares, blogs e ambientes mais ou menos virtuais, sentimos que é desadequada a sua expressão e acabámos por deixá-la cá dentro como um parasita.
Aqui neste blog, encontrámos a sua casa e as partilharemos.

Bem-vindos ao nosso mundo interior.

Tou ca neura...

e tu?